27.8.11

A Leitora, como ela foi [Fichamento]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  A Leitora, como ela foi. In: 
A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

A Leitora, como ela foi

            "... embora mais raras, existem também evocações de leituras femininas". [página 266] 

            "... a ficção de Alencar e de seus contemporâneos incorporava um flagrante do cotidiano brasileiro do século XIX, onde vigorava a leitura oral, doméstica, com a participação coletiva, sobretudo de mulheres, que se comovem perante cenas sentimentais. Também não por acaso várias narrativas apresentam cenas em que os amantes traduzem os sentimentos que os une ao partilharem a leitura de uma obra". [página 268]

            "... nas cenas de leitura coletiva, o sistema parece bastante primitivo, remontando às manifestações mais antigas e populares da arte de contar, as mesma cujo desaparecimento Walter Benjamim lamenta e contextualiza na irreversível industrialização da produção de livros, que empurra o processo de fruição narrativa para a solidão da leitura individual. Essa precariedade condiz, de um lado, com as condições de vida da sociedade brasileira da primeira metade do século XIX". [página 270]

            "Num ambiente de poucos leitores e raras leitoras, a ficção romântica acabou por execer função pedagógica, procurando atrair o público para o universo da educação e da arte. Para tanto, precisou, de um lado, negar certos parâmetros de seu tempo e, de outro, investir na imaginação de damas de fino trato e mulheres de projeção, numa representação visivelmente influenciada pelos salões franceses do século XVIII, quando engatinhava o processo de liberação feminina. Quem sabe Machado, Alencar e seus pares não verbalizavam a utopia de seu tempo, aquela em que os próprios escritores teriam um par proeminente, por serem os menores dessas senhoras emancipadas, por se emanciparem eles mesmos, vivendo de sua atividade e orientando intelectualmente o meio em que viviam?". [página 271]

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