30.8.11

O Leitor, esse desconhecido [Fichamento]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  O Leitor, esse desconhecido. 
In: A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

O Leitor, esse desconhecido

            "Se não podemos escrever a biografia do leitor, temos condições de narrar sua história, que começou com a expansão da imprensa e desenvolveu-se graças à ampliação do mercado do livro, á difusão da escola, à alfabetização em massas das populações urbanas, à valorização da família e da privacidade doméstica e à emergência das idéias de lazer". [página 14]            "Ser leitor, papel que, enquanto pessoa física, exercemos, é função social, para qual se canalizam ações individuais, esforços coletivos e necessidades econômicas". [página 14]
            "Para a leitura se expandir a ponto de se transformar em prática social, foi também necessária outra mudança: deu-se uma até então inédita e a partir daí permanente valorização da família". [página 15]

            "É no interior de desse modelo de família que se intensifica o gosto pela leitura, por consistir em atividade adequada ao contexto de privacidade próprio da vida doméstica". [página 15-16]

            "[...] o saber ler, principalmente para os grupos religiosos, entre os quais se contam acima de tudo os protestantes e os reformista, interessados no conhecimento e difusão da Bíblia, passou a ser considerado habilidade necessária à formação moral das pessoas". [página 16]

            "A leitura se fortalece e se institucionaliza no avesso das práticas associadas nos modos tradicionais de narrar, de tipo oral, fundados na experiência vivida, de sentido comunitário e enraizados no meio rural, cujo desaparecimento Walter Benjamin lamenta". (p. 16)            "Se é certo que leitores sempre existiram em todas as sociedades na quais a escrita se consolidou enquanto código, como se sabe a propósito dos gregos, só existem o leitor, enquanto papel de materialidade histórica, e a leitura, enquanto prática coletiva, em sociedades de recorte burguês, onde se verifica no todo ou em parte uma economia capitalista." [página 16]

            "[...] o leitor empírico, destinatário virtual de toda criação literária, é também direta ou indiretamente introjetado na obra que a ele se dirige. Assim, nomeado ou anônimo, converte-se em texto, tomando a feição de um sujeito com o qual se estabelece um diálogo, latente mas necessário". [página 17]

            "Assim sendo, não apenas porque consiste numa das primeiras manifestações da indústria do lazer, nem porque perdeu a natureza pedagógica que a fez ser primeiramente patrocinada por grupos religiosos, a leitura apresenta particularidades concretizadas na conceituação do leitor. Este se configura como sujeito dotado de reações, desejos e vontades, a quem cabe seduzir e convencer. Todo escritor, voluntariamente ou não, depara com essa instância da alteridade, procurando conquistá-la de um modo ou de outro. A forma como o faz sinaliza o tipo de comunicação que tem em vista e indica o modo como se posiciona diante da circulação de sua obra, vale dizer, da associação de seu texto". [página 17]

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