31.8.11

Vem comigo, leitor [Fichamento]

Vem comigo, leitor: A pedagogia da leitura em Quincas Borba

 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

MAGALHÃES, Maria do Socorro Rios.
Vem comigo, leitor a pedagogia da leitura em Quincas Borba.
Teresina: EDUFPI, 1998.


Introdução:

           
"O romance machadiano, desde a sua fase romântica, se caracteriza pela presença de um narrador que dialoga constantemente com o leitor". [página 9]

           
"Machado abre espaço no seu texto para a presença ostensiva do leitor que, em suas obras, deixa as sombras do lugar de leitor implícito ou  leitor virtual, para vir à luz como leitor fictício  ou ficcionalizado ...". [página 9]

           
"Os personagens representam uma tipologia de leitores, através dos quais o narrador pretende mostrar o tipo ideal de leitor, ao tempo em que vai conduzindo o processo de narração com a participação do leitor ficcionalizado". [página 9]

           
"Ambos os procedimentos fazem parte de uma pedagogia de leitura utilizada pelo Autor para a formação de um público que garanta a recepção de sua obra". [página 9-10]

Capítulo I -  Machado de Assis e a crítica de seu tempo:


           
"Enylton de Sá Rego em seu estudo sobre a obra de Machado de Assis, apresenta o despreparo da crítica brasileira na recepção das obras da segunda fase do escritor ...". [página 11]

           
"A evolução da obra de Machado de Assis coincide com a evolução da crítica nacional, assim como o escritor vai, aos poucos, crescendo como romancista, da mesma forma vai-se formando a primeira geração brasileira de críticos literários especializados". [página 12]

           
"José Veríssimo, em 1890, ano seguinte à publicação de Dom Casmurro, escreveu o artigo, 'Um irmão gêmeo de Brás Cubas', em que chama atenção para a semelhança entre os dois romances no que tange àquilo que chama de 'filosofia amarga, céptica, pessimista, uma concepção desencantada da vida, uma desilusão completa dos móveis humanos' (1977, p. 27)". [página 13]

           
"José Veríssimo, não obstante os reparos ao pessimismo do Autor, considera Machado o mais autêntico e mais verdadeiro representante da literatura brasileira". [página 14]

           
"Sílvio Romero tornou célebre a sua crítica à obra de Machado pela virulência do ataque a um escritor que vinha suscitando muitos elogios entre seus contemporâneos". [página 15]

           
"Embora tenha sido muito severo com a obra machadiana, no seu trabalho de 1897, Sílvio Romero não pode deixar de lhe reconhecer certas qualidades, como a correção gramatical, a simplicidade e a propriedade das imagens e a adequação das comparações e dos qualificativos (1954, p. 1624) ...". [página 16]

           
"Como se vê, a obra machadiana, ainda que nem sempre acolhida pelos críticos, encontrou receptividade de público, talvez porque o próprio Autor tenha assumido uma tarefa que seria da crítica: a educação do leitor para encarar o texto de ficção literária". [página 18]

Capítulo II - Quincas Borba e seu retrospecto: Memórias Póstumas de Brás Cubas: 

            "O 'Prólogo' da 3ª edição de Quincas Borba, de 1899, deixa claro que este romance proveio de Memórias Póstumas de Brás Cubas". [página 19]

           
"A nível de representação, Quincas Borba constitui o complemento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, pois é naquele que se pode observar, na prática, a aplicação do 'humanismo' já apresentado a Brás Cubas por seu amigo filósofo". [página 19-20]

           
"Ao contrário de Sofia que, segundo Machado de Assis, (1992, p. 17), está toda em Quincas Borba, o próprio Quincas não está inteiro neste romance. Para compor o todo deste personagem é necessário juntar os dois livros, utilizando Memórias Póstumas de Brás Cubas como um grande "flash back" de Quincas Borba". [página 20] 

            "Memórias Póstumas de Brás Cubas funciona como retrospecto da trajetória do filósofo humanista, que, em Quincas Borba, vive a sua etapa final". [página 21]

           
"As equivalências e semelhanças entre Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas podem parecer redundância. A retomada de temas de um livro pelo outro, porém, constitui na obra machadiana um recurso didático. Ele só avança no seu curso literário quando seus leitores/discípulos estão suficientemente preparados". [página 23]

Capítulo III - Os leitores representados: 

            "Na representação do leitor em Quincas Borba, Machado de Assis enfatiza a critica ao Romantismo, fazendo de Rubião uma vítima da leitura de obras românticas. Simples mestre-escola do interior, seus limitados conhecimentos não lhe permitiam ultrapassar o gosto literário popular, daí a sua preferência pelos românticos franceses mais divulgados na época". [página 25]

           
"A loucura de Rubião é sutilmente atribuída aos livros que lê; visto que são eles que oferecem  o material para seus delírios". [página 28]

           
Escapismo; Segundo Freud, há três tipos de pessoas que não escondem seus delírios: as crianças, os artistas e os loucos.

           
"Com o agravamento da doença, Rubião procura cada vez mais na leitura a compensação de seus problemas existenciais. Empobrecido, abandonado pelos amigos e desprezado por Sofia, ele passa a utilizar a leitura como forma de 'viajar', substituindo o real por fantasias mais compensatórias". [página 29]

           
"Rubião é a representação do leitor fracassado". [página 30]

           
"O que faz de Rubião um mau leitor é a sua incapacidade de interagir com o texto, não conseguindo um equilíbrio entre aquilo que é dado no texto e aquilo que ele próprio traz para a leitura". [página 31]
 
            Rubião confunde efeito com recepção.

           
"Os demais leitores masculinos representados neste romance são bem diferentes de Rubião. O que tem um comportamento mais próximo do seu é o Major Siqueira, também leitor de romances e que fazia da leitura uma experiência catártica". [página 31]

           
"Ao contrário de Rubião, Palha é leitor eficiente, pois seleciona seu material de leitura de acordo com os interesses práticos de sua vida profissional". [página 32]

           
"Carlos Maria é um leitor sofisticado e elegante. A permanente atitude de tédio e desinteresse pelo que está a sua volta, vai levá-lo à leitura de revistas inglesas que tratam de assuntos totalmente alheios à realidade local". [página 33]

           
"Camacho é um falso leitor. A falsidade de sua condição de leitor se revela no estilo de seus artigos jornalísticos: 'meio magro e meio inchado". [página 33-34] 

            "O leitor totalmente erudito é representado por Quincas Borba, o único capaz de cita de cor autores e obras". [página 34] 

            "Teófilo, apesar do nome, não se dedica a leitura teológicas. Ao contrário, trata-se de um leitor técnico, altamente especializado". [página 34] 

            "Dentre os personagens femininos, apenas Sofia pode ser apontada como leitora. Maria Benedita e D. Fernanda, por razões diferentes não cultivam a leitura. [...] As duas são mulheres do lar, sem pretensões de ascender socialmente como ocorria com Sofia que precisava da leitura enquanto sinal de distinção, como aparece no caso da assinatura da Revista dos Dois mundos, publicação francesa muito lida pelas damas da sociedade fluminense". [página 34-35] 

            "Sofia lia romances da mesma forma que dançava valsa ou tocava piano, era apenas mais uma prenda de senhora elegante". [página 36] 

            "Embora assídua leitora de romances, Sofia não confunde a realidade da vida com a fantasia dos livros, como acontece com Rubião". [página 36] 

            "A representação do leitor em Quincas Borba revela que a leitura corresponde a uma forma de relacionamento com o mundo, aqueles leitores que sabem lidar com o jogo do texto, são os bem sucedidos no jogo da vida". [página 37]

Capítulo IV - Leitor ficcionalizado X Leitor virtual: O modelo de leitura proposto pelo narrador

           
"A constante referência ao leitor nos romances machadianos há muito tem chamado a atenção dos críticos, mas, só recentemente, com o instrumental da estética da recepção se tornou possível abordar essa questão do ponto de vista de uma teoria literária específica". [página 39] 

            "O narrador machadiano se disfarça de contador de histórias exatamente para reproduzir a situação de confiança e intimidade que existe entre o contador e o ouvinte de histórias orais". [página 39]
 
            O narrador machadiano é distanciado. Ele não se envolve com os dramas das personagens.

           
"A preocupação de instrumentalizar o leitor para a narrativa literária se traduz na inserção deste no processo de narração, através da encenação do ato de leitura, que ficcionaliza o leitor no propósito de aproximar o leitor real do leitor ideal esboçado pelo texto. Wernneck explica, assim, esse procedimento: 
'A intenção de aproximar o ato de escrever do ato de ler define a presença, no texto machadiano, de um leitor ficcionalizado, inscrito no processo de narração como um interlocutor mais próximo do sujeito que narra.
'Na literatura de Machado, o leitor ficcionalizado não é mero receptor de um texto cuja função designativa aponta para um mundo na ficção representado. Fazendo do texto seu habitat, ao contrário, o leitor aí invocado adquire valor de sinal de ficção'. (1985, p. 85) [página 39-40]
            "A ficcionalização de leitor em Quincas Borba se dá de duas maneiras: pela auto-referência da narrativa e pela invocação do leitor por parte do narrador". [página 40-41] 

            "A auto-referência apresenta-se de dois modos: ou o narrador chama a atenção do leitor para a forma narrativa ou então recorda trechos passados que possam estar esquecidos". [página 41]

            "A invocação do leitor, outra forma usado por Machado para realizar sua ficcionalização, aparece em Quincas Borba de forma muito variada". [página 43]

           
"A leitura de Quincas Borba consiste, realmente, numa lição de literatura em que o mestre/narrador demonstra sobejamente a superioridade de seus conhecimentos sobre os do leitor. Aparecem no livro mais de trinta referências a obras e autores da literatura universal, feitas pelo narrador. Sua didática, no entanto, deixa que o aluno/leitor complemente as informações dadas com outras que ele próprio deve buscar. É assim que certas alusões a escritores ou a obras literárias lhe exigem que complete as lacunas deixadas pelo narrador". [página 48]

           
"Em outros trechos o narrador deforma a obra citada, dando novo sentido a frases desgastadas pelo abuso de citações". [página 48-49]

           
"Há várias passagens em que o narrador ilustra os fatos que apresenta comparando-os com os de outras obras literárias". (p. 49)
"As aludidas citações revelam a as preferências literárias do narrador, que privilegia a prosa em detrimento da poesia". (p. 49)

           
"A ficcionalização do leitor compreende, portanto, o narrador que representa o leitor ideal e o seu interlocutor, o leitor aprendiz. Quincas Borba dramatiza o ato de leitura como procedimento didático na educação do público leitor. Mas ao leitor virtual ou leitor implícito² de Quincas Borba são dadas duas possibilidades de leitura: confundir-se com o leitor ficcionalizado e se deixar guiar pelo narrador, ou então contrapor-se ao narrador, desmontando suas armadilhas. De um modo ou de outro, a obra continuará garantindo sempre o prazer da leitura. [²Trata-se, na concepção de W. Iser, de uma função prevista no texto, como explica o Autor em "El processo de lectura: una perspectiva fenomenológica". In: Warning, Rainer (org) Estética de la receptión. Madrid: Vison, 1989] [página 50]

Conclusão
 
            "Para o leitor de hoje, que não está interessado na análise literária da obra ou na análise da situação sócio-política representada, um livro como Quincas Borba não consegue cativar a atenção. Os procedimentos narrativos que cumpriram uma missão pedagógica em relação ao público do século XIX perdem sua eficácia em relação a um público habituado a conviver com a ficção através de outros meios, como o cinema e a televisão, o que obrigou a ficção literária contemporânea a adotar recursos semelhantes aos utilizados por aqueles veículos". [página 51]

           
"Da mesma forma, a trama amorosa de Quincas Borba, apesar de seu desenlace amargo e realista, pode parecer anacrônica para o leitor atual, pois, para ele, é muito pouco verossímil a sustentação do triângulo Rubião-Sofia-Palha por uma centena de capítulos, sem que as intenções de cada um e materializem na "proposta indecente", que, uma vez acordada, traria vantagens para todos. A ambiguidade do comportamento, a sutileza dos olhares e da conversação, armas utilizadas por Sofia para vencer Rubião fazem parte de um código de normas que não mais tem lugar na sociedade atual e por isso não é mais reconhecível para o leitor de hoje". [página 52]

__________

Referências utilizadas pelo autor(a):

CÂMARA Júnior, J. Mattoso. Ensaios machadianos: língua e estilo. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979;

HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EdUSP, 2005;

MURICY, Kátia. A razão cética: Machado de Assis e questões de seu tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988;

REGO, Enylton de Sá. O calundu e a panacéia: Machado de Assis, a sátira menipéia e a tradição luciânica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989;

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. Tomo Quinto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954; 

VENTURA, Roberto. Estilo Tropical: história cultural e polêmica literárias no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1991;

VERÍSSIMO, José. Estudos da literatura brasileira. 3ª edição. Belo Horizonte/Itatiaia, São Paulo/EDUSP, 1977;

WARNING, Ranier (org).
Estética de la reception. Madrid Visor, 1989; WERNECK, Maria Helena Vicente. Mestre entre agulhas e amores: A leitura do século XIX na literatura de Machado e Alencar. Rio de Janeiro / 2ª edição / 1985. Dissertação de mestrado apresentada à PUC-RJ;

ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 1989.

30.8.11

O Leitor, esse desconhecido [Fichamento]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  O Leitor, esse desconhecido. 
In: A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

O Leitor, esse desconhecido

            "Se não podemos escrever a biografia do leitor, temos condições de narrar sua história, que começou com a expansão da imprensa e desenvolveu-se graças à ampliação do mercado do livro, á difusão da escola, à alfabetização em massas das populações urbanas, à valorização da família e da privacidade doméstica e à emergência das idéias de lazer". [página 14]            "Ser leitor, papel que, enquanto pessoa física, exercemos, é função social, para qual se canalizam ações individuais, esforços coletivos e necessidades econômicas". [página 14]
            "Para a leitura se expandir a ponto de se transformar em prática social, foi também necessária outra mudança: deu-se uma até então inédita e a partir daí permanente valorização da família". [página 15]

            "É no interior de desse modelo de família que se intensifica o gosto pela leitura, por consistir em atividade adequada ao contexto de privacidade próprio da vida doméstica". [página 15-16]

            "[...] o saber ler, principalmente para os grupos religiosos, entre os quais se contam acima de tudo os protestantes e os reformista, interessados no conhecimento e difusão da Bíblia, passou a ser considerado habilidade necessária à formação moral das pessoas". [página 16]

            "A leitura se fortalece e se institucionaliza no avesso das práticas associadas nos modos tradicionais de narrar, de tipo oral, fundados na experiência vivida, de sentido comunitário e enraizados no meio rural, cujo desaparecimento Walter Benjamin lamenta". (p. 16)            "Se é certo que leitores sempre existiram em todas as sociedades na quais a escrita se consolidou enquanto código, como se sabe a propósito dos gregos, só existem o leitor, enquanto papel de materialidade histórica, e a leitura, enquanto prática coletiva, em sociedades de recorte burguês, onde se verifica no todo ou em parte uma economia capitalista." [página 16]

            "[...] o leitor empírico, destinatário virtual de toda criação literária, é também direta ou indiretamente introjetado na obra que a ele se dirige. Assim, nomeado ou anônimo, converte-se em texto, tomando a feição de um sujeito com o qual se estabelece um diálogo, latente mas necessário". [página 17]

            "Assim sendo, não apenas porque consiste numa das primeiras manifestações da indústria do lazer, nem porque perdeu a natureza pedagógica que a fez ser primeiramente patrocinada por grupos religiosos, a leitura apresenta particularidades concretizadas na conceituação do leitor. Este se configura como sujeito dotado de reações, desejos e vontades, a quem cabe seduzir e convencer. Todo escritor, voluntariamente ou não, depara com essa instância da alteridade, procurando conquistá-la de um modo ou de outro. A forma como o faz sinaliza o tipo de comunicação que tem em vista e indica o modo como se posiciona diante da circulação de sua obra, vale dizer, da associação de seu texto". [página 17]

29.8.11

O Leitor, esse desconhecido [Fichamento]

 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  O Leitor, esse desconhecido.
In: A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

O Leitor, esse desconhecido

            "Só por volta de 1840 o Brasil do Rio de Janeiro, sede da monarquia, passa a exibir alguns dos traços necessários para a formação  fortalecimento de uma sociedade leitora". [página 18]            "A forma como autores e narradores do Romantismo brasileiro apresentam-se diante do leitor, nos livros de ficção, é sintomática dos cuidados tomados diante desse público incipiente". [página 18]
            "Manuel Antônio de Almeida parece conduzir o leitor pela mão, como se o caminhos a percorrer - vale dizer, a leitura autônoma da obra - fosse difícil. [...] um narrador que tutela seu leitor de modo paternalista, receoso de que a leitura, à menor dificuldade, seja posta de lado". [página 19]
 

            "Tais e tantas estratégias, se não garamtem ao narrador a fidelidade do leitor a um texto que se prolonga, sem dúvida estreitam a cumplicidade entre ambos: o leitor é uma figura para quem se conta um segredo os acontecimentos da trama. Aparentemente a técnica, aplicada ao folhetim, deu certo; tanto é assim que é mantida no desenrolar do romance, reaparecendo mais adiante na obra de Machado de Assis". [página 20]
            "Em A mão e a luva, romance de 1874 originalmente lançado como folhetim e obra de envergadura maior que um conto, machado retoma essas técnicas, às quais associa algumas das práticas de Manuel Antônio de Almeida". [página 22]
            "Assim como Manuel Antônio de Almeida, esse narrador machadiano não deixa de orquestrar antecipações e retrospectos: aquelas aguçam a curiosidade, e estes são imprescindíveis aos que se perderam no desenrolar da tram". [página 22]
            "Outra dimensão da solidariedade da leitura é a que se desenha, não mais entre leitor e narrador. mas entre leitor e leitor, a partir da representação de situações de leitura domesticas e coletivas". [página 23]

28.8.11

A Leitora, como ela foi [Resumo]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  A Leitora, como ela foi. 
In: A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

            As autoras afirmam que, mesmo em quantidade reduzida, há passagens na literatura que atestam a prática da leitura entre as mulheres. Como exemplo elas citam o depoimento de José de Alencar, relembrando seus tempos de menino quando exercia a função de ledor para as mulheres de sua casa, e de Graça Aranha relembrando de sua mãe. Quanto ao texto literário em si, as autoras citam passagens dos romances Quincas Borba (1899), Helena (1876) e Casa Velha (1885) e dos contos Aires e Vergueiro de 1871, Linha reta linha curva de 1865 e Anedota Pecuniária de 1884, todos de Machado de Assis. 

            Há também referência aos romances Lucíola e Senhora de José de Alencar e à Marília de Dirceu de Gonzaga. A conclusão é a de que a ficção romântica exerceu uma função pedagógica, n sentido de procurar educar essas "leitoras" para a prática da leitura. Por fim, as autoras deixam uma questão em aberto: será se os autores desta época não compartilhavam de uma utópica missão de emancipar essas senhoras através da leitura e ao mesmo tempo se emanciparem com orientadores intelectuais do meio em que viviam?

Rodrigo Morais Leite

27.8.11

A Leitora, como ela foi [Fichamento]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  A Leitora, como ela foi. In: 
A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2001.

A Leitora, como ela foi

            "... embora mais raras, existem também evocações de leituras femininas". [página 266] 

            "... a ficção de Alencar e de seus contemporâneos incorporava um flagrante do cotidiano brasileiro do século XIX, onde vigorava a leitura oral, doméstica, com a participação coletiva, sobretudo de mulheres, que se comovem perante cenas sentimentais. Também não por acaso várias narrativas apresentam cenas em que os amantes traduzem os sentimentos que os une ao partilharem a leitura de uma obra". [página 268]

            "... nas cenas de leitura coletiva, o sistema parece bastante primitivo, remontando às manifestações mais antigas e populares da arte de contar, as mesma cujo desaparecimento Walter Benjamim lamenta e contextualiza na irreversível industrialização da produção de livros, que empurra o processo de fruição narrativa para a solidão da leitura individual. Essa precariedade condiz, de um lado, com as condições de vida da sociedade brasileira da primeira metade do século XIX". [página 270]

            "Num ambiente de poucos leitores e raras leitoras, a ficção romântica acabou por execer função pedagógica, procurando atrair o público para o universo da educação e da arte. Para tanto, precisou, de um lado, negar certos parâmetros de seu tempo e, de outro, investir na imaginação de damas de fino trato e mulheres de projeção, numa representação visivelmente influenciada pelos salões franceses do século XVIII, quando engatinhava o processo de liberação feminina. Quem sabe Machado, Alencar e seus pares não verbalizavam a utopia de seu tempo, aquela em que os próprios escritores teriam um par proeminente, por serem os menores dessas senhoras emancipadas, por se emanciparem eles mesmos, vivendo de sua atividade e orientando intelectualmente o meio em que viviam?". [página 271]

26.8.11

Fichamento de Citação [Citação]


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CHATT, Cidinei Bogo. A Importância das Técnicas da Leitura, Fichamento, Resumo e Resenha na Produção de Textos Técnico-Científicos. Em: <http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&coddou=7154>.
Acesso em 04/07/2011.

Fichamento de Citação

         O fichamento de citação é a transcrição textual, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar na produção do texto técnico-científico. Deve-se ter os seguintes cuidados:

a) toda citação tem de vir entre aspas. É através deste sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do autor das fichas, os pensamentos nela contidos;

b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a posterior utilização no trabalho com a correta indicação bibliográfica;

c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-se o termo sic, minúscula e entre colchetes;

d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no meio;

e) a frase deve ser completada, se necessário, quando se extrair uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes;

f) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação;

            Além disso, segundo João Bosco Medeiros, a transcrição direta de até três linhas deve ser contida entre aspas duplas. Quanto às citações diretas com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que o do texto utilizado e sem aspas. (19)

 Por fim, quanto aos tipos de citação, temos três: 1. citação direta – na citação direta utiliza-se literalmente as próprias palavras do autor; 2. citação indireta – na citação indireta se reproduz ideias do autor com as próprias palavras. Ou seja, pega-se a ideia do autor e a expressa com palavras próprias; e 3. citação de citação – na citação de citação é realizada a menção de um documento ao qual não se teve acesso, mas que se conheceu através de outro autor.

Portanto, conforme ABNT (20), a citação é a menção de uma informação extraída de outra fonte. Poder ser uma citação direta, citação indireta ou citação de citação. Segue abaixo modelo de citação direta que permite melhor visualização.

__________

(19) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 116;

(20) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. ago. 2002.